Friday, February 24, 2006

Arte de não ser.



A nossa vida surge na sequência de “algo que foi”, que esperámos, que vivemos... recordámos.
A mente nasce preparada para esta ciência de combinações.
Sentimos que tudo que nos rodeia, acontece. Será que o peso “do não ser”, nos previne para o que realmente queremos?

É uma espécie de vida no inverso. O que realmente queremos, não chegamos a desejar... não conseguimos ter.
O peso do “ que nunca foi”, é insuperavelmente superior ao que conhecemos. É uma presença que nos marca intimamente, um conhecimento nosso, que sabemos não ter, mas que vivemos intensamente.
Qual o motivo desta meia vida, desta insanidade controlada!?

Nós não a vivemos, é uma arte sabedora de “não ser”, uma confusão que nos orienta , um medo que nos absorve no que temos de melhor.
Não seria mais fácil voltar ao “algo que foi”, á experiência saudável de “fazer acontecer”!?

A facilidade não alimenta sonhos, sonhadores....
A “arte de não ser” ... feliz de quem a conhece... feliz de quem a domina!!!

Ritmos marcados.





Acordar, dormir... acordar.
A descoberta é algo que me seduz como ser humano, que me motiva, integra. Funciona como uma boa acção presente.

Quero a procura, mas fico embalado em ritmos marcados que me impedem de ser o que realmente devia.
Não quero, não gosto de rotinas. Convivo com elas, elogio os seus defeitos, mas a fuga não me impede de as conhecer.
Conheço-as... e conheço-as bem!!

São estes ritmos de vida que me orientam, marcam o meu destino. Deles não sei fugir. A facilidade de os identificar, e a comodidade de os assumir, adormece qualquer iniciativa de mudança radical.

Só o que realmente precisa de ser mudado, nos muda.
Enquanto esperamos .... acordar, dormir...acordar!!!
Os ritmos, esses, já estão marcados.

Saturday, February 18, 2006

Desculpas caricaturais


O mundo não é, nunca foi, homogéneo em culturas, religiões , modos de pensar , agir. Toda esta união de substancias diferentes, conservando em si cada uma das suas propriedades específicas, transforma o “nosso mundo” numa Torre de Babel desmoronada .
A diferença não implica conflito, mas a realidade mostra que as sociedades baralharam prioridades.
Os ódios crescentes estremam posições, fomentam rivalidades, transformam sentimentos adormecidos em sons de revolta irracionais.
O duelo” Islão vs Ocidente” espelha a realidade que vivemos.
Os vários pedidos de desculpas exigidos, motivados pelos ««cartoons»» ao profeta , são alvo de reflexão atenta.

A angustia sentida por numerosos muçulmanos, após a publicação das caricaturas que consideram um insulto à sua religião, não será certamente comparável à revolta sentida pela perda de inúmeras vidas nos diversos atentados impostos ao mundo ocidental.
11 de Setembro de 2001 ( mais de 800 vitimas); 11 de Março de 2004 -Atocha Madrid ( 191 vitimas), 7 Julho de 2005- Londres( 56 vitimas).

Ninguém exigiu desculpas destes actos criminosos saudados e celebrados em nome de Alá.
Em contrapartida, multidões em fúria no Irão, Síria, Indonésia, Paquistão, destruíram alvos europeus, impuseram um clima de terror e violência, exigindo desculpas publicas por doze “figuras” publicadas num jornal dinamarquês.
O ressentimento não pode justificar a violência, muito menos, quando dirigida contra inocentes.

Como podemos viver sem desculpas, quando a nossa desgraça é alegria alheia!?
Como podemos penitenciar a nossa dignidade, quando à mínima obstinação , ajoelhamos às atrocidades e à violência!?
Ninguém evolui no medo e na tolerância exagerada.
As desculpas de hoje, serão a caricatura de amanhã.

Friday, February 17, 2006

Aristo de confiança


Não sei viver de outra forma.
A vida marca os pontos, nos só temos de os unir com confiança.
A desculpa fácil não me convence. As “nossas” certezas não se inibem com a presença de uma realidade nova, um episódio fulminante, uma combustão de emoções …
Acredito, e sei que a geometria da vida não é perfeita.
Acredito, e sei que a minha verdade não é absoluta, mas tem de ser credível, avessa a reflexões espontâneas, dúvidas de circunstância.

Prefiro o frio, e o gelo, à geada que esconde, queima, mata.
Prefiro um não, a uma meia verdade que me adoce …
Mas não sou eu que tenho de o fazer.
A minha obrigação é fazer entender, fazer acreditar que a minha verdade é aquela que penso, que acredito, que conheço.

A minha, a nossa obrigação é traduzir a alma de uma forma geométrica, com a ajuda de um auxílio rigoroso, certo, inquestionável… um aristo….um aristo de confiança.

Friday, February 03, 2006

Estranha forma de vida.


É estranho ver como a vida nos transforma. Não se sente, não se manifesta, mas a transformação é uma companhia presente...fiel.
As expressões que imaginamos não são nossas. A voz que ouvimos não nos pertence... O ser que imaginámos está muito longe de o ser...

Apenas a imagem que o espelho nos oferece está presente... amiga. Mas será nossa a imagem reflectida? Não será a imagem uma corrupção da nossa imaginação!?
Será uma questão esquecida por nós? Um refugio certo? Um lamento a adiar...??

Será certamente uma verdade nossa, um duelo particular que não queremos perder, mas com morte anunciada.

Estranha esta forma de vida ... com fim certo, inadiável.
Resta-nos sempre acreditar. Acreditar que nem tudo se esquece, que o tempo realça o que a memória não quer recordar.


Estranha.... estranha forma de vida!!