Monday, November 27, 2006

Mário Cesariny

Neste marasmo nacional, preenchido com politiquices entretidas, floribelas possantes… enredos novelescos…surge um nome sonante… Mário Cesariny.
O nome conduz a algumas memórias …será português!? Será mais um homem do Teatro?! Será… não será…?
Certezas poucas…ou mesmo nenhumas, mas uma enorme curiosidade que o nome transporta e os media potenciam.
Pesquisa breve …e ali estava… um mundo de informação tão perto: “…expoente máximo do surrealismo português”.
Estava perante um dos nomes cimeiros da poesia portuguesa de todos os tempos.
Um génio!!!

A verdade é que desconhecia a obra, o autor, o português com capacidade de inovar, imaginação prodigiosa, domínio completo da língua… inúmeras virtudes que tendem a desaparecer neste Portugal descartável de ideias e pessoas.

O desaparecimento de Mário Cesariny teve o condão de emergir a sua poesia, a sua obra… toda uma vida dedicada a arte … à arte em português.

Ninguém tem obrigação de fornecer informação concentrada.
Acredito que um país deve potenciar os seus grandes “nomes”, dá-los a conhecer aos mais distraídos… mas se assim não for, temos de ser nós… a procurar toda a informação que nos permita fazer justiça.

Para os mais distraídos: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mário_Cesariny


poema

Faz-se luz pelo processo
de eliminação de sombras
Ora as sombras existem
as sombras têm exaustiva vida própria
não dum e doutro lado da luz mas do próprio seio dela
intensamente amantes loucamente amadas
e espalham pelo chão braços de luz cinzenta
que se introduzem pelo bico nos olhos do homem

Por outro lado a sombra dita a luz
não ilumina realmente os objectos
os objectos vivem às escuras
numa perpétua aurora surrealista
com a qual não podemos contactar
senão como amantes
de olhos fechados
e lâmpadas nos dedos e na boca

Mário Cesariny