Thursday, February 11, 2010

Portugal sem Coração


Portugal, este país à beira mar plantado, está num impasse digno de reflexão.
A economia bateu no fundo, a credibilidade dos políticos simplesmente não existe e os números, muitas vezes refúgio das inverdades moralizadoras, reflectem uma conjuntura preocupante.

A política dos últimos anos esbanjou dinheiros cruciais para um desenvolvimento sustentado. Substituiu o conhecimento, uma rede de comunicação eficaz, a modernização tecnológica, por um sentimento snob de facilitismo e riqueza patética.
Andámos embriagados com subsídios, formações e outras artes de entreter.

Com o som da crise de fundo, fomos vivendo muito acima das nossas capacidades, hipotecando gerações futuras com a mesma facilidade que digeríamos a realidade.

A culpa não deve morrer solteira.
O veredicto é simples. Culpados somos todos nós. Políticos, povo, todos.
Políticos, pela enorme incompetência, impunidade e esquizofrenia económica.
Povo, porque credibilizou todo este espectáculo, aplaudindo em conformidade com vontades egocêntricas.

Dizia um amigo em conversa distante “… não te esqueças que os governantes também são portugueses”.
Não quero acreditar que o mal é genético, que a arte de gerir ficou condicionada com o fim dos descobrimentos.
A verdade é que não acredito neste sistema, nesta espécie de democracia.
Logicamente reforço todo o tipo de liberdade, todas as arduamente conseguidas com a revolução de Abril, mas vivo com o sonho de um futuro melhor, muito melhor.

A evolução de um país faz-se de conhecimento, de pessoas e de oportunidades.
Só com a maximização destes três factores se conseguirá um Portugal mais forte.

Gostava de estar profundamente enganado, de ser mais um rezingão, mal-encarado com sede de desgraça, gostava… como gostava!