
Virar a página entusiasma o poeta, sedento de linhas, de história, de personagens.
Encerrar um capítulo exige reflexão. Uma retrospectiva alucinante de momentos, de partes ricas de conteúdo, sedentas de tempo e espaço.
Exige uma espera que seca a alma, nutre a memória, alimenta “ses”, decepa espíritos de mudança.
O medo de ler a última sílaba mescla o sagrado com profano. Agoniza a vontade de pecar, de espreitar, de saber um pouco mais sem tirar os pés da segurança do nosso chão.
O “para sempre” criado soa a pouco, esfuma-se sem se notar.
O envelhecer eterno confunde e perde-se no tempo viciado em partes baralhadas sem partir.
Página virada, capítulo encerrado e agora?
Deitar a cabeça e adormecer. Dormir um sono profundo até perder as forças. Sentir cada momento como algo distante e obrigar tudo o que sentimos nosso a partir, sem vontade de voltar.
Reflectir, pedir um dom divino que nos oriente, que reescreva vontades, artes de crer, sabedorias de agir.
Afogar Velhos do Restelo e ressuscitar a alma lusitana.
Acreditar.
Fundamentalmente acreditar que o vento orienta vontades sustentadas em trabalho e que qualquer viagem se torna mais fácil na companhia certa.
O olhar procura um livro novo, novas capítulos, com a certeza que as personagens vividas são já parte da própria história.
Uma pequena pausa…
O Poeta entusiasmado voltará a virar a página…